sexta-feira, 14 de março de 2025

Mudanças do OSRIC em relação ao AD&D

(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em novembro de 2022)

"Vou manter esta lista atualizada no futuro, pois há muitos detalhes notáveis." {O autor}
  • Guerreiros recebem 1 proficiência extra em armas.
  • Guerreiros têm a regra opcional de Especialização do Unearthed Arcana (UA).
  • O ataque em varredura [sweep] dos Guerreiros é detalhado no OSRIC. Ele existe no AD&D, mas está escondido na seção de ataques por rodada, após a entrada do Ranger.
  • Somente Guerreiros têm sweep no OSRIC; no AD&D, é provável que todas as subclasses de Guerreiro também o tenham. (Diferença na notação 'Guerreiros' vs. 'guerreiros')
  • Classes possuem atributos mínimos extras sem impacto significativo (ex.: Clérigos no AD&D só precisam de Sabedoria 9, enquanto no OSRIC precisam de Força 6, Destreza 3, Constituição 6, Inteligência 6, Sabedoria 9 e Carisma 6).
  • Diferenças nos detalhes de pontuações extremas de atributos (fora da faixa normal de geração de personagens).
  • Diferenças nos cabeçalhos de atributos (testes menores e maiores de Força).
  • Meio-elfos não podem ser druidas.
  • Elfos, Gnomos e Anões só podiam ser Clérigos NPCs no AD&D, mas agora podem ser PJs. Meio-orcs são limitados a nível 15 como Assassinos e nível 7 como Ladrões.
  • Assassinos recebem -3 em armas não proficientes em vez de -2.
  • Não existem classes de Monge, Psionista ou Bardo.

quinta-feira, 13 de março de 2025

Mudanças de AD&D para AD&D 2e

(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em março de 2023)

"Este será mais um daqueles posts que continuam sendo atualizados e referenciados cerca de uma vez por mês. Conforme eu pensar em mais mudanças, atualizarei esta postagem no blog." {O autor}

Mudanças de AD&D1e para AD&D2e

As mudanças em negrito são as mais impactantes na forma como os dois sistemas se desenrolam em jogo. [n.t.; aqui no blog colocaremos em amarelo, em função do negrito não destacar tanto normalmente]

Mudanças gerais

  • Personagens multiclasse foram enfraquecidos (clérigos multiclasse limitados a armas de clérigo, magos multiclasse limitados a armaduras não metálicas).
  • Construção de fortalezas, especialmente para magos? Assim, menos ênfase no potencial de jogo de domínio.
  • Padronização estranha de dezenas de jardas, resultando em dezenas de pés no 1e sendo convertidos para dezenas de jardas no 2e. Uma Fireball de 10º nível pode viajar 200 pés no 1e, mas 330 pés (ou 110 jardas) no 2e.
  • Listas de feitiços consolidadas em apenas feitiços de mago e sacerdote, divididos por escola. Isso altera o nível efetivo em que certas classes acessam determinados feitiços.
  • Demônios renomeados para Tanar’ri, diabos renomeados para Baatezu, etc.
  • Muitos monstros foram alterados entre edições (exemplo: dragões ficaram mais poderosos).
  • XP por ouro foi substituído por um sistema mais arbitrário (XP por missão, interpretação, etc.), aumentando o XP dado por monstros, enquanto o XP por itens mágicos foi mantido*.
  • (Opcional) Embora as proficiências não relacionadas a armas [NWP: non-weapon proficiencie] fossem consideradas opcionais, vale notar que elas foram incorporadas ao jogo central, pois a maioria dos produtos 2e faz referência a elas. Por exemplo, a habilidade de rastreamento do Ranger agora se refere diretamente à proficiência de rastreamento.
  • O 2e introduziu categorias de tamanho acima de Grande.
  • Além da reorganização dos feitiços em duas listas, alguns feitiços mudaram de forma sutil. Exemplo: Command permaneceu quase idêntico, mas seu alcance aumentou de 10 pés para 30 jardas.
  • Muitos feitiços agora têm um limite máximo de poder. Exemplo: Fireball agora tem um limite de 10 dados.

sábado, 8 de março de 2025

Por Que Incluo Coisas Horríveis em Minhas Campanhas de RPG de Mesa

(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em janeiro de 2025)

“Nos novos livros, os elementos mágicos e épicos são combinados com personagens que possuem paixões genuínas, preocupações adultas e motivos complexos. Parece que, nos melhores deles, em breve não poderemos mais descobrir heróis ou heroínas, mas sim ler sobre pessoas reais. Será interessante ver se a forma conseguirá suportar essa tensão!” + The Heros and The Heroines, Michael Moorcock

Um tópico que surge de tempos em tempos nas discussões sobre jogos de RPG é a questão do que é apropriado incluir em um jogo. O que deveria [2] ser permitido?

A resposta curta que dou é: o que quer que o designer, o editor e os jogadores do jogo desejem.

 

Velho argumento. Mídia diferente.


Pouco depois da publicação dos primeiros quadrinhos, surgiu uma discussão sobre o que deveria estar neles [3]. Isso resultou na criação da Comics Code Authority, um acordo entre as principais editoras e distribuidoras para censurar os quadrinhos. Esse código desapareceu porque as editoras encontraram maneiras de contornar os censores e os livros com temas mais maduros fizeram enorme sucesso.

Houve muitos debates sobre se temas maduros deveriam ser "permitidos" nos RPGs de mesa. De modo geral, esse conteúdo tem sido evitado. Embora as empresas de jogos tenham estabelecido diretrizes de conteúdo desde os anos 80, não há uma autoridade que impeça alguém de publicar o que quiser.

O que impediu os jogos com temas sombrios de se tornarem populares foi a mentalidade dentro do próprio hobby.


Entusiastas de RPG que querem jogos maduros foram deixados de lado


Os principais editores de RPG evitam criar jogos para públicos maduros porque, sempre que o fazem, são acusados (por uma minoria pequena, mas barulhenta) de serem pessoas horríveis que defendem crenças terríveis ou incentivam comportamentos terríveis.

Se aplicarmos essa lógica a outros meios de entretenimento, a estupidez dessa ideia se torna evidente.

Esse é o mesmo tipo de retórica usada para atacar a música heavy metal durante o Pânico Satânico dos anos 80.


Culpa por associação


Uma das razões pelas quais jogadores evitam comprar RPGs com material maduro é que essa mesma acusação absurda é feita contra qualquer um que tenha interesse em jogar um desses jogos.

"Oh, você gosta desse jogo? Então você deve ser um sexista / psicopata / pervertido / racista / fascista / comunista / imperialista..."

domingo, 2 de março de 2025

Definindo Dungeons

(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em fevereiro de 2023)

"Uma breve classificação das 'dungeons' (enquanto locais de aventura estruturados), baseada em seus tamanhos..."

Ainda estamos aqui nos primeiros dias frios de 2023, e o mundo dos blogs de RPG continua entusiasmado com o desafio Dungeon 23, uma ideia inspirada de Sean McCoy para criar uma grande masmorra ao longo do ano de 2023, escrevendo apenas uma entrada de sala por dia. Quem sabe quantos persistirão através do longo ano, mas vou usar meu cartão de "velho experiente" e contestar o termo "megamasmorra" para algo com meros 365 cômodos. Claramente, esse desafio está criando uma masmorra muito grande, mas será que é realmente uma megamasmorra? Não concederei esse título. Eu classifico esse tamanho como a respeitável e honrada kilomasmorra, que já é impressionante o suficiente.

Sempre classifiquei masmorras (neste caso, qualquer estrutura de aventura tradicionalmente preenchida, não apenas do tipo subterrâneo) em quatro categorias: Covis, Masmorras, Kilomasmorras e Megamasmorras. Isso não apenas significa que não deveríamos conceder o termo "megamasmorra" à maioria dos produtos publicados com esse nome, mas também implica que a grande maioria das "masmorras" publicadas provavelmente nem deveria receber essa honra.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Minhas Regras Pessoais como Jogador

(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em agosto de 2019)

"Às vezes somos capazes de avançar além do esperado... Talvez isso dependa de alguma intenção neste sentido...?"

1) Não acumulo meus "wow-bangs". Se eu morrer com uma ficha cheia de itens mágicos ou feitiços não utilizados, então joguei em vão. Não estou aqui para evoluir um personagem, estou aqui para criar memórias divertidas com pessoas cuja companhia eu aprecio. Batalhas regulares de desgaste são apenas um pouco mais interessantes do que uma prova surpresa de matemática da terceira série.

2) Chegar a algum lugar depende de um gerenciamento básico de tempo. Gastar 45 minutos analisando minuciosamente algo que não vai mudar o rumo do jogo é desperdiçar não apenas o seu tempo, mas o de todos. Sei que há portas sem volta no jogo, mas na maioria das vezes é possível voltar com mais informações se parecer que algo foi perdido, em vez de ficar em TOC com uma pergunta ou resposta que não são imediatamente óbvias. 
 
3) Eu surpreendo o Mestre de Jogo (MJ) – não apenas sigo as regras rigidamente. Procuro os pontos fracos que não foram considerados e destruo os planos mais bem elaborados dos meus adversários como aqueles caras que andam de costas para uma explosão. Não estou preocupado com tensão dramática; meu objetivo é dominar, contornar, confundir e neutralizar. Momentos de puro pânico acontecerão de qualquer forma, mas minha meta é não ter nenhum.
 

domingo, 16 de fevereiro de 2025

A Estrada para o Inferno; Princípios de Design OSR

(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em agosto de 2024)

É semana de ensaios no Age of Dusk e o tema solicitado foi princípios de design. Vamos ver se conseguimos extrair alguma ordem do turbilhão caótico de interpretação, má interpretação, delírios da era do Google+, nostalgia, anti nostalgia, charlatanismo e OS TEXTOS SAGRADOS™. Mais importante ainda, vamos fazer isso usando documentação fundamental da OSR (se é que isso existe), para que você tenha um referencial.

Primeiro, uma nota sobre definições: o termo OSR já perdeu praticamente todo o significado, abrangendo desde jogos indie medíocres até abominações híbridas old school adjacent de 5e, passando por retroclones legítimos, D&D tradicional e jogos que pessoas normais jogariam. Mas nem sempre foi assim. Originalmente, a natureza excessivamente mecanicista da 3ª e 4ª edição de D&D levou muitas pessoas a retornarem aos jogos originais, combinando-se com uma base de jogadores old school já existente para formar a OSR. O foco da OSR era a rejeição do status quo e a ênfase na criatividade e experimentação por meio dos jogos old school. O D&D estava no centro de tudo, com ocasionais desvios para Tunnels & Trolls, Arduin, Empire of the Petal Throne ou até Traveller. Esses princípios criativos, quando aplicados por pessoas que já jogaram tantos jogos a ponto de seus caminhos neurais serem reconfigurados para lembrar instantaneamente jogadas de ataque de monstros, tabelas de armas vs CA e jogadas de proteção, geraram um movimento dinâmico e inovador. Esses mesmos princípios, quando aplicados por pessoas que não conhecem bem o jogo e chegam à OSR mais para "serem criativas" do que para jogar e participar, geram uma quantidade absurda de lixo – tanto em termos de teoria quanto de material publicado. Hoje, a definição se expandiu para acomodar praticamente qualquer um, chegando ao ponto em que existem pessoas na OSR que nunca jogaram uma edição antiga de D&D.

É importante entender que, quando falo negativamente sobre a OSR, refiro-me a grande parte da OSR contemporânea, com sua ênfase em regras simplificadas, aventuras medíocres e crescente distanciamento do D&D. E quando falo dela com carinho, refiro-me às pessoas que nos trouxeram obras como Stonehell, Hyqueous Vaults, ACKS, Fight On Magazine, Castle Xyntillian e muitas outras – muitas das quais ainda estão ativas. Por isso, também é animador ver que, em algumas áreas da OSR, há uma ênfase maior na prática real de jogo, que é a expressão suprema do hobby [2].

O Primer de Matt Finch [3] é útil porque rapidamente ensina as diferenças fundamentais entre o old school gaming e o então dominante new school gaming, oferecendo um pouco de nuance. Esses princípios foram adotados pela OSR mais ampla e, à medida que o referencial se perdeu, surgiram más interpretações, pois os termos passaram a ser tomados literalmente. Um dia, este ensaio também será mal interpretado por primitivos.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Hábitos de Mestres de Jogo Altamente Eficientes {THL4}

(Tradução, com permissão do autor, do texto presente no suplemento para a primeira edição de AD&D, The Heroic Legendarium [1], publicado por Trent Smith em 2021. Agradecemos imensamente a gentil cortesia do autor)

"Algumas sugestões com o intuito de auxiliar os(as) mestres a conquistarem o jogo..."
Assim como acontece com os jogadores, os Mestres de Jogo (MJs) melhoram com a experiência, e não há substituto real para investir horas de prática. No entanto, algumas dicas e conselhos para orientar Mestres de Jogo iniciantes e intermediários no caminho certo, e ajudar a evitar alguns dos erros mais comuns não fazem mal, então as sugestões e observações a seguir são oferecidas nesse espírito:

1. Mantenha a tensão gerenciando o ritmo

O conselho mais importante para qualquer Mestre de Jogo (MJ), a consideração que supera todas as outras, é manter o jogo fluindo no ritmo mais rápido possível. Quando a ação acontece rapidamente e os pontos de decisão surgem em tempo real para os jogadores, o nível de tensão permanece alto e eles ficam tão visceralmente envolvidos que sua atenção não diminui nem suas mentes vagam. Quando o jogo se move devagar e há muito tempo morto, os jogadores ficam entediados, começam a conversar sobre outros assuntos ou a checar seus celulares, e o clima e a tensão se dissipam, tornando-se muito difíceis de recuperar. Os melhores Mestres de Jogo não permitem que isso aconteça – eles mantêm a ação tão rápida e a pressão tão alta que os jogadores estão sempre à beira de seus assentos, cheios de temor e antecipação pelo que acontecerá em seguida e como reagirão, com a adrenalina a mil e sem espaço para pensamentos externos. Manter esse nível de ritmo frenético significa que o Mestre de Jogo precisa resolver sua própria parte na administração do jogo o mais rápido possível – julgando os resultados das ações dos jogadores e decidindo sobre as ações dos NPCs [n.t; Non Player Characters, ou Personagens Não Jogadores, ou Personagens do Mestre, PdMs]  com mínimo atraso (e, quase certamente, nunca parando para consultar o livro de regras). Além disso, a pressão deve ser aplicada aos jogadores para que ajam rapidamente e de forma decisiva, em vez de ficarem debatendo e considerando cada opção e hipótese. Os jogadores precisam entender que o jogo acontece em tempo real e que é assim que devem reagir diante de decisões.

Quando os jogadores estão discutindo e debatendo opções ao redor da mesa, entende-se que seus personagens estão fazendo o mesmo no mundo do jogo – algo aceitável durante uma jornada terrestre ou dentro de uma base segura. Porém, se eles estiverem dentro de uma masmorra, estão fazendo barulho e o tempo está passando, levando a mais verificações de monstros errantes e eliminando a chance de alcançar um ataque surpresa. Da mesma forma, no início de cada rodada de combate, quando você passa pela mesa para que cada jogador declare suas ações, cada um deve declarar sua ação imediatamente, sem hesitação ou atraso, ou perderá sua vez. Quando os jogadores enfrentam armadilhas ou outros perigos, novamente devem declarar suas ações imediatamente. Uma técnica confiável é descrever o que está acontecendo (o teto está descendo, o chão está inclinando, a sala está se enchendo de gás ou água, a avalanche está se aproximando ou qualquer outra coisa que esteja ocorrendo) e então começar a contar em voz alta de 1 a 10 (um número por segundo), dando aos jogadores esse tempo para declarar as ações que irão tomar. Qualquer um que não tenha declarado até o final da contagem sofrerá o efeito completo da armadilha, enquanto aqueles que agiram rápida e decisivamente conseguirão evitar ou mitigar as consequências. Os jogadores precisam entender que, quando o jogo está acontecendo, ele realmente está acontecendo, e eles precisam estar atentos, pensar rápido e agir com decisão, porque as vidas de seus personagens dependem disso.
 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Recapitulação da Mega Dungeon: Uma Mega Dungeon Para A Todos Governar

(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em janeiro de 2025)

"Uma revisão sucinta de 11 megadungeons feita pelo caro autor..."

As megadungeons são boas?

Talvez. Se você quiser conduzir uma campanha inteira com uma única e enorme dungeon por um ano ou mais, isso pode ser uma boa ideia. Existe o perigo de nunca terminá-la. Inimigos muito repetitivos podem ser entediantes. Tenho jogado aventuras atuais de D&D 5ª edição quinzenalmente, consumindo cerca de um volume por ano ou um pouco mais, mas o sistema da 5ª edição é lento para um rastreamento focado em combate.

Se você gosta de Waterdeep, pode apreciar as versões das dungeons que ficam embaixo dela, mas elas não são tão coerentes ou utilizáveis quanto o Temple of Elemental Evil, que joguei em bem menos de um ano.

A ideia moderna de design de inserir mapas em cada página não está presente em todos esses produtos, então talvez isso seja algo para o futuro. Mapas em um livro separado ou em PDF, junto com o livro, seriam uma boa ideia. O livro do Mad Mage melhorou bastante com o pacote de mapas. Alguns mapas são projetados para caber em páginas, e isso pode prejudicar algumas dungeons. Stonehell lidou bem com isso e tem sido uma boa influência. Seus designs se parecem mais com uma coleção de dungeons-de-uma-página unidas, e sua concisão é uma força tanto para jogar quanto para ler. Dividir mapas entre páginas em um livro parece ser um problema para alguns desses produtos.

Finalmente, os livros de Greg Gillespie e seus retroclones são belos de se ver, agradáveis de ler e visualmente atraentes. Muitas ideias old school que eu gosto. Acho que o segui online por uma hora antes de mudar de ideia. Desgosto ativamente do conselho para Mestres no livro Dragonslayer, mas gosto da vibe geral de sua abordagem old school, mesmo que eu discorde sobre quais elementos importam. Mas os livros são bons. Não espero que os criativos cujos trabalhos eu aprecio sejam grandes pessoas, e acho desnecessário o culto de heróis de figuras do passado. É um bônus se eu gostar deles, mas não é uma exigência.

Uma vida de trabalho cultural e clientes ruins provavelmente fritaram minha mente. Talvez seja por isso que meu Chagrinspire [2] atual foi criado para ser uma dungeon ultrajante e absurdamente sombria, com 16 km de altura. Os jogadores passaram 6 meses ao redor da periferia e finalmente conseguiram entrar no nível 5. Pretendo continuar com isso.

Gunderholfen parece básico, mas com as aventuras adicionais ambientadas ao seu redor, é um cenário incrível e o mais estranho que encontrei.

Módulos que tentam planejar cada movimento do grupo e forçam uma linha de história tendem a ser exagerados, e eu prefiro as velhas aventuras de 8 páginas do Call of Cthulhu clássico, em vez dos novos livros que repetem blocos de estatísticas de monstros no mesmo capítulo três vezes e outros desperdícios. Masks of Nyarlathotep quase poderia estar nessa lista. Joguei metade antes de a COVID encerrar o jogo, após alguns anos de campanha.

Alguns desses módulos podem ser saqueados, jogados de maneira descontraída e sem se preocupar muito com o lore. Você poderia apressar os finais se precisasse terminar rápido. No meu jogo recente, os jogadores se aliaram a muitas facções, tornando obsoletas as descrições de 100 salas da perspectiva deles. Então, estou planejando algo maldoso para transformar uma facção em inimiga e problemática. Acho que inimigos absolutos são convenientes porque você sabe que não precisa hesitar em matá-los, mas a dinâmica entre facções sempre foi uma característica interessante.

Alguns módulos têm listas de tesouros absurdamente longas que deveriam ser distribuídas como handouts.

Acho que The Lost City, totalmente expandida, é uma das melhores.

- as Original Adventures Reincarnated classificariam tão bem quanto qualquer coisa aqui, sendo o melhor da série
- várias versões feitas por fãs surgiram online, algumas a lápis no início dos anos 80
https://drive.google.com/file/d/1w28gjDLHKBfInnLqjQKlMcmnbhsJ2nuT/view

https://www.pandius.com/B4_campaign_sourcebook.pdf

- história que a inspira

https://gutenberg.net.au/ebooks06/0601051h.html

https://pandius.com/cynidgaz.html

Ou role vários dados d100, d12 e d20 em uma lista, pegue alguns mapas do Dyson [3], use minhas tabelas e PDFs, e apenas fique à frente dos jogadores com o mínimo de preparação. Eu uso contos para inserir tramas, vilões e todo tipo de ambientação.

Pode ser uma ótima maneira de criar um sandbox ou uma prisão.

E se os jogadores quiserem pegar o tesouro e ir para o mar como piratas?

💖💖💖💖 amor
ou
💣💣💣💣 bomba

Classificações para:

  • Arte – Ilustração, quão boa é, e como ilustra o texto.
  • Mapas – Eles são bem apresentados? Eu prefiro os mapas do Dyson em vez dos coloridos parecidos com jogos de computador.
  • Layout – Texto como apresentado na página, legibilidade, sem desperdício de espaço com bordas ou logotipos.
  • História – É uma história envolvente? Quão profunda é?
  • Escrita – Textos prolixos têm notas baixas; concisos, mas cheios de sabor, são bons.
  • Design da Informação – Quão fácil é usar o livro e a informação nele.
  • Reaproveitamento – Quão bom é para ser saqueado?
  • Pontuação Geral – Avaliação geral e quão jogável é.

Sou um pouco exigente, então 2 é a média.

Desculpe, plataformas de vendas online, 4 é uma perfeição rara, não o normal; 2/4 é a média.

Portanto, não me procurem para reclamar, mas comentários são bem-vindos.

Tudo mais aqui será comparado com a primeira para fins de referência.

Temple of Elemental Evil (AD&D – Livro, PDF e Melhor Jogo de PC de Todos os Tempos)

  • Arte 💖💖💣💣
  • Mapas 💖💖💣💣 – Todos em um livro separado, o que era bom para a época.
  • Layout 💖💖💣💣
  • História 💖💖💖💣 – Muitos vilões e história de fundo.
  • Escrita 💖💖💣💣
  • Design da Informação 💖💖💣💣
  • Reaproveitamento 💖💖💣💣 – A vila clássica e os níveis elementais compactos foram bastante copiados.
  • Pontuação Geral 💖💖💖💣 – Clássico e jogável.

Joguei isso em uma casa flutuante em meados dos anos 80 com outros adolescentes "presos" em um feriado combinado de família. É uma dungeon pioneira e bastante divertida, que espero ser recriada em breve. Jogo o game de Atari anualmente, e ele é ótimo para se preparar. Sinto que conheço esta dungeon melhor do que qualquer outra. A edição recente em dois volumes foi bem agradável, mas não a melhor dessas adaptações (The Lost City foi a melhor, seguido por Isle of Dread e Castle Amber). Eu rodaria isso de novo com prazer. Também não é muito grande, sendo uma das mais curtas aqui.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

São apenas traduções, nada mais

 Salve!

"Nada pessoal: estou apenas traduzindo..."

Os textos aqui traduzidos são apenas o que são: traduções. Não são hasteamento de bandeiras ou declarações de guerra. Apenas trazendo alguns textos para quem quiser refletir sobre o o que quer que seja em relação ao seu conteúdo.

Portanto, não é tudo o que traduzo aqui que "dou o aval" 100%. Estou apenas traduzindo e graças à nobreza desses autores, eles vêm permitindo as traduções, que, na minha opinião, ajudam.

Inclusive, você pode sugerir textos para tradução: os canais estão todos abertos...

Claro que eu tenho meus gostos e preferências, e isso não quer dizer que as pessoas não possam ter as delas. Cada um jogue o que quiser e como quiser, cada um pense o que quiser: aqui, o que interessa, é o jogo, a prática do jogo. O restante, pode deixar para segundo plano...

Um ponto importante, talvez para alguns não faça sentido, mas para outros, faz sim: apesar das diferenças teóricas sobre os estilos de jogo, na prática mesmo, as barreiras se turvam um bocado e rola de tudo um pouco o que for permitido em cada mesa, como já lembrou o grande Megarato. Essa é a magia da coisa, afinal! Porém, não é mero relativismo: saibamos nomear as coisas...

Quanto à política... Deixe para o campo a que pertence: o da política (ainda falaremos sobre isso adiante...)...

Abraço!

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Fortaleza Gygax

(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em novembro de 2024)


"O Legado Gygax..."

Gary Gygax é provavelmente o nome mais conhecido no universo dos jogos de RPG, mesmo quase 15 anos após sua morte. Considerado co-inventor de Dungeons & Dragons e autor principal da maior parte do material inicial do jogo, "Tio Gary" também foi um incansável promotor tanto do jogo quanto do conceito de jogos de interpretação de papéis como um todo. Ao longo de meio século do hobby, o nome de Gygax tornou-se sinônimo dele. Ele não deveria precisar de apresentações, mas ainda vale a pena analisar de perto o legado de design de aventuras que ele deixou, especificamente como Gygax criou suas aventuras de masmorra.

Gygax foi autor de muitas das primeiras e melhores aventuras de Dungeons & Dragons, incluindo: Steading of the Hill Giant Chief, Vault of the Drow, Village of Hommlett, Expedition to the Barrier Peaks, Tomb of Horrors e, claro, Keep on the Borderlands, provavelmente a aventura de Dungeons & Dragons mais jogada de todos os tempos. Embora algumas de suas aventuras, como Expedition to the Barrier Peaks e Tomb of Horrors, tenham sido, ao menos em parte, trabalhos significativos de outros (Kask e Lucien, respectivamente), Gygax sem dúvida teve uma participação nelas também. Sua produção foi prolífica, e suas aventuras fundamentais ainda são amplamente conhecidas hoje. Pode-se argumentar que a criação de aventuras, mais do que a elaboração de regras ou mecânicas, foi a maior força de Gygax como designer. Com Arneson, Gygax escreveu um sistema de criação de aventuras ou masmorras [2] na edição de 1974 de Dungeons & Dragons, mas ele não seguiu esse sistema por muito tempo, especialmente em seus trabalhos publicados, inovando e se desviando de seus próprios conselhos iniciais para inaugurar um novo estilo de design de aventuras. Sim, sua contribuição mais importante para o hobby foi provavelmente sua organização e promoção – e o mundo dos RPGs deve muito a ele, talvez até sua própria existência, por esses esforços –, mas o design de aventuras de Gygax ainda se destaca, meio século depois, repleto de lições e técnicas úteis.

GYGAX E DESIGN

Como todo bom designer, especialmente no início do hobby, o design de Gygax tem seu próprio estilo e preocupações características. Para ele, o design de aventuras geralmente foca na natureza das forças que se opõem aos jogadores e nos fatores ambientais ou conflitos internos entre esses inimigos que os jogadores podem explorar. Gygax começou como um wargamer, e suas aventuras mais emblemáticas são muito mais “cerco” ou “infiltração” do que “exploração”, embora isso não seja uma regra absoluta. A escrita de aventuras de Gygax é marcada por uma relativa indiferença ao design de mapas e pelo uso de descrições concisas, que oferecem o mínimo de detalhes ambientais, concentrando-se mais nos monstros encontrados e em suas estratégias militares ou comportamentos.

Gygax projetou uma variedade de cenários ao longo de sua longa carreira, mas o desafio central em suas aventuras mais conhecidas, pelo menos aquelas em que ele é claramente o único designer (excluindo Tomb of Horrors e Expedition to the Barrier Peaks), está na tática ou estratégia militar. Em uma aventura de Gygax, o grupo terá sucesso se conseguir superar, destruir, subornar ou contornar uma força hostil organizada mais poderosa do que eles. Exemplos dessas forças incluem os gigantes nos módulos Against the Giants, as tribos humanoides em Keep on the Borderlands ou o gigante da montanha e seus asseclas em The Forgotten Temple of Tharizdun. Em todos os casos, o grupo provavelmente não sobreviverá a um confronto direto com as forças inimigas e, em vez disso, precisará usar esquemas, informações descobertas no local ou subterfúgios para vencê-las. Muitas vezes, essas soluções exigem que o grupo acesse a base ou masmorra do inimigo sem alertar os guardas e, então, conduza uma campanha de roubo, assassinato e sabotagem.

domingo, 12 de janeiro de 2025

Um esclarecimento em relação à tradução do termo "storygame"

 

Salve!

Recentemente traduzimos no blog alguns textos tratando do "storygame". Aqui traduzimos como "jogo de história", já reconhecendo não ser um termo ideal. A sugestão do aplicativo de tradução foi "jogo narrativo", mas preferimos evita-lo, uma vez que acreditamos que todos os jogos autênticos de RPG são narrativistas, não importa o gênero e o estilo, nem o conjunto de regras, uma vez que o diálogo, a conversa, a narração e a fala, são partes essenciais do jogo, a principal mídia onde ocorre, mesmo que muitos entendam como "jogos narrativistas" somente esses "jogos de contar histórias".

Também preferimos o termo "história" e não "estória", uma vez que "história", apesar de remeter à disciplina acadêmica historicista (e mesmo essa referência não é de todo equivocada, como tentaremos expor mais tarde...), também é utilizado no meio da educação infantil, por exemplo, nas "contações de histórias".

Os textos tratando sobre o assunto, no momento são:

1.  Definindo Jogos de História {Story Games} (2012)

https://dustdigger.blogspot.com/2025/01/definindo-jogos-de-historia-story-games.html

2.  Definindo Jogos, Mas de Uma Maneira Útil (2024)

https://dustdigger.blogspot.com/2025/01/definindo-jogos-mas-de-uma-maneira-util.html

3.  Jogadores de História {"Storygamers"} (2024)

https://dustdigger.blogspot.com/2025/01/jogadores-de-historia-storygamers.html

Boa leitura! Abraço!

sábado, 11 de janeiro de 2025

Jogadores de História {"Storygamers"}

(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em outubro de 2024)

"Jogadores de histórias... Vocês são todos jogadores de histórias... NENHUM de vocês está jogando para ganhar..."
Oh, rapaz. Uma longa discussão para uma sexta-feira.

"Storygamer" [n.t.; toscamente, "jogador de história", jogador de "jogos de contar histórias"] é um termo que tem circulado bastante pela internet atualmente, geralmente de forma pejorativa. Parece que vejo isso com frequência entre pessoas que se identificam como "jogadores de CAG (classic adventure gaming [2] - jogos de aventura clássicos)", geralmente se posicionando contra esse tipo ou estilo particular de jogador.

Primeiro, permita-me reiterar (ou explicar) que esse rótulo de "jogos de aventura" é simplesmente para distinguir o que eu faço do que geralmente é considerado "jogo de interpretação" hoje em dia (isto é, nos anos 2020). Até os anos 2010, certamente me chamaria de "role-player" (jogador de interpretação), e esses jogos que jogo seriam "role-playing games" ou RPGs. Quando se trata de conduzir AD&D, sigo a mesma abordagem que sempre adotei... Falando de forma geral, a mesma abordagem que adotei para TODOS os jogos de interpretação que conduzi ao longo dos anos.

Dito isso:
  1. É notavelmente difícil conduzir a maioria dos RPGs no estilo do AD&D (e, como evidência, aponto para a minha constante INCAPACIDADE de conduzir outros RPGs por um longo período; a maioria dos jogos que não são D&D... Com algumas exceções... Foram experiências extremamente de curta duração).
  2. O AD&D que conduzo hoje em dia é muito mais maduro, calculado e consciente do que o AD&D da minha juventude. Atribuo isso ao meu crescimento como Mestre de Jogo e aos anos de trabalho que dediquei à autoanálise e ao autodesenvolvimento.
Mas só porque me identifico como um "jogador de aventura" não significa que me considero parte de uma tribo específica. Estou menos interessado em fazer parte de qualquer comunidade específica e mais interessado no jogo em si... No que ele pode fazer por mim e no que posso fazer por ele.

[é semelhante aos meus sentimentos em relação ao "OSR" [3] na época; como já escrevi antes, nunca me vi como parte de um "movimento," mas como um velho rabugento que queria jogar jogos antigos]

Então, embora eu esteja feliz em "morrer nessa colina" defendendo o estilo de jogo da 1ª edição, estou muito menos interessado em cavar uma trincheira ao redor dessa colina e erguer estacas para manter os "storygamers" de fora. ESPECIALMENTE porque sinto que, hoje em dia, podemos estar usando uma definição muito ampla do que É, exatamente, um "storygamer".

Aqui está um bom post de blog [4] definindo jogos narrativos [n.t., story games, jogos de contar histórias] de Ben Robbins (do Ars Ludi). É de outubro de 2012, mas ainda é relevante hoje, ecoando muitos dos meus próprios pensamentos (de 2013 e agora). Aqui está uma citação sólida:

"Vitória ou Morte!", resumo em tópicos

Um resumo em tópicos feito pelo Megarato do texto com este título, de Gabor Lux, presente no zine Fight On! #15, que inclusive o Megarato fez um post falando sobre o que aprendeu com ele [1], que é este texto...

"Vitória ou Morte!"

1. Sim, RPGs podem ser jogados bem ou mal, e é possível “ganhar” ou “perder”:

  • Conhecimento das regras melhora o personagem e oferece mais ferramentas para lidar com problemas.
  • Quem só depende das regras e da ficha será eventualmente traído pelos dados.

2. Vá além das regras escritas:

  • Use a capacidade de coletar informações, explorar oportunidades e transformar situações arriscadas em vantagem para o grupo.
  • A habilidade de jogo vem de boa percepção situacional, solução de problemas e avaliação de riscos e oportunidades.

3. Evite jogadas arriscadas sem preparo:

  • Planeje para reduzir a necessidade de rolar dados em situações de risco alto.
  • Jogue em seus próprios termos; evite confrontos diretos quando o ambiente não favorece você.

4. Atenção e cautela são essenciais:

  • A atenção ajuda o personagem e o grupo em todas as aventuras.
  • O ambiente tem sinais úteis (por exemplo, parede rachada pode indicar um risco ou uma
    oportunidade escondida).
  • Investigue de forma rápida, mas decisiva, para distinguir entre perigos ocultos e
    oportunidades.

5. Use as informações para seu benefício:

  • Identifique os riscos e oportunidades no jogo e os use a seu favor, otimizando seu tempo para o que é relevante na aventura.

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Definindo Jogos, Mas de Uma Maneira Útil

(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em dezembro de 2024)

"Hoje em dia são tantos os diferentes jogos de RPG que talvez seja interessantes buscar defini-los para que se alcance a noção do real potencial em relação ao que podem oferecer..."



O que é um jogo? O que é um jogo de RPG? O que é um jogo de história? Apertem os cintos porque hoje eu vou abordar os peixes grandes: definições.

Quando falo sobre definições, o que procuro é uma definição útil. Quero algo que reflita a verdade do que realmente fazemos. Uma definição que ilumine a essência da coisa e me aponte na direção certa para seguir em frente. Não preciso de uma definição que descreva todos os detalhes ou aborde todos os casos extremos, porque tudo é um continuum. Mas se você conseguir chegar ao cerne da questão e encontrar esse ideal platônico, tudo que você observar fará mais sentido. É isso que eu quero. Não estou falando de formas de explicar essas ideias para pessoas que, por exemplo, nunca jogaram RPGs. Uma boa introdução para novatos é um problema completamente diferente.

Algumas dessas definições não são invenções minhas, mas acho que estão certeiras. Muitas vezes, quando as pessoas tentam retroprojetar definições de coisas existentes, esquecem que os nomes que damos às coisas podem ser descritivos, mas às vezes não são. Uma bola de futebol americano raramente é chutada com o pé, então isso significa que não é uma bola de futebol? (Milhões de leitores estrangeiros gritam “sim!”). Você não encontra uma definição útil dissecando o rótulo, mas sim observando o que a coisa realmente faz.

Então, vamos começar do topo e descer, camada por camada por camada…

O que é um jogo?

Sid Meier diz:
Um jogo é uma série de escolhas interessantes.
Para mim, essa é uma definição super útil, porque imediatamente nos ajuda a criar jogos melhores. Sem escolhas? Escolhas que não são interessantes? Talvez seja hora de parar e repensar o que você está fazendo. E sim, uma definição mais prática incluiria coisas como “um jogo tem regras”, então talvez isso seja mais a definição de um bom jogo, mas funciona para mim.
 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Definindo Jogos de História {Story Games}

(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em outubro de 2012)

"Jogos de RPGs diferentes possuem dinâmicas diferentes... É bom procurar saber em que tipo de jogo se está inserido para evitar confusões, a começar pelas diferentes possibilidades que dizem respeito aos jogadores e aos personagens..."

Mas, primeiro, um aviso. Definir termos pode se tornar uma tarefa complicada e exaustiva, especialmente quando lidamos com palavras que muitas pessoas já usam, mas definem de formas diferentes, ou utilizam sem uma definição clara, apenas com um “não consigo explicar, mas sei quando vejo”.

Entretanto, sem definições, palavras podem ser traiçoeiras. O pior cenário não é discordarmos de uma definição e discutirmos isso por horas a fio, mas sim não percebermos que discordamos. Ambos usamos a mesma palavra, achando que estamos na mesma página, mas na verdade queremos dizer coisas totalmente diferentes. Esse é um pesadelo comunicativo que pode sabotar as melhores intenções, seja numa discussão ou numa mesa de jogo.

A linguagem é orgânica, mutável e está em constante evolução. Não me iludo ao ponto de achar que posso decidir o que as palavras significam. Mas, ao menos, se você estiver falando comigo, saberá o que quero dizer quando digo “jogos de história”.

Como Jogos de História me foram descritos

Quando comecei a jogar jogos de história, foi assim que os descreveram para mim: um jogo de história é um jogo de interpretação de papéis (RPG) em que os participantes se concentram em criar uma história juntos, em vez de apenas jogar “o seu personagem”. A alternativa — que joguei 100% do tempo por mais de duas décadas — seriam os jogos de aventura, como D&D, onde o seu personagem é o seu domínio.

Sim, eu disse jogos de aventura [2]. Já usei muito o termo “jogos tradicionais”, mas em retrospectiva, é um termo terrível para os jogos que amamos por décadas. Nos anos 70 e 80, esses mesmos jogos “tradicionais” eram incrivelmente radicais. Acho que “jogo de aventura” é um termo melhor. Em um jogo de aventura, o trabalho dos jogadores é vencer a aventura apresentada pelo Mestre do Jogo (MJ). Novamente, não é invenção minha: “jogo de aventura” era um termo comum para D&D naquela época. A Shippensburg Adventure Game Camp [3], por exemplo, era oficialmente chamada assim.

domingo, 22 de dezembro de 2024

Por Que D&D Funciona

(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em novembro de 2024)

"Vida longa ao D&D..."

Tive uma epifania na noite de sábado, algo com o qual eu estava lutando e refletindo há anos: por que D&D funciona, ou seja, por que ele tem poder de permanência como jogo de RPG, enquanto tantos outros RPGs não têm? O que diferencia o D&D de todos os outros sistemas, gêneros e concorrentes?

No sábado, enquanto caminhava até a loja para comprar cerveja, isso me ocorreu: raise dead [animar mortos].

Agora, para deixar claro, há muitas razões pelas quais D&D funciona... E funciona muito bem... Para o jogo de longo prazo (campanha). O motor impulsionador da mecânica de progresso (a “cenoura” do XP/níveis). A abundância de desafios que escalam de níveis baixos para altos. A escala micro/macro do cenário (ou seja, a premissa de explorar locais "dungeon" fechados e a possibilidade infinita de explorar um mundo inteiro ou dimensões/planos diferentes).

Mas todas essas coisas podem ser (e são) replicadas/implementadas em outros gêneros de jogos: muitos jogos têm sistemas baseados em "níveis" e/ou pontos. Muitos gêneros apresentam “locais de aventura” para exploração detalhada. A maioria dos RPGs apresenta uma escala de desafios que vai dos estágios iniciais até os posteriores. Muitos, muitos jogos têm emulado esses aspectos particulares encontrados em D&D.

No entanto, embora essas coisas, quando implementadas, possam adicionar poder de permanência (ou seja, interesse/engajamento sustentado no jogo), na prática, nunca vi nenhum desses jogos durar mais do que alguns meses... E geralmente nem isso.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

O Sandbox Barato & Sujo

(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em setembro de 2016)

"Os Fossos de Sal..."

Às vezes, uma boa ideia é tão simples que as pessoas não conseguem evitar complicá-la. Geralmente, funciona assim: algumas pessoas descobrem (ou redescobrem) algo e percebem que é bom. Outras pessoas também gostam, mas adicionam seu toque pessoal. Um terceiro grupo chega muito depois, encontrando uma bagunça esotérica e impenetrável de ideias contraditórias. Não precisa ser assim. Uma campanha sandbox simples é muito fácil de criar.

Por mais que falemos sobre isso, no fundo, um jogo sandbox é apenas uma campanha em que os jogadores têm um alto grau de liberdade para influenciar o curso dos eventos. Essa liberdade é construída a partir de decisões individuais (“Seguimos as ordens do Jarl ou traímos seu plano para a Guilda dos Assassinos?”), passando por aventuras (“Gostaríamos de nos juntar à Guilda dos Assassinos. Aposto que eles pagam melhor. Vamos tentar conquistar a confiança deles fazendo esta missão.”) até ter uma influência decisiva sobre o tom, o conteúdo e a direção da campanha (“Queremos nos tornar os novos senhores de Orthil e de suas operações de mineração. Talvez possamos colocar as mãos nas terras vizinhas também. Que o Jarl e a Guilda dos Assassinos venham atrás de nós se ousarem!”). Um jogo sandbox significa soltar um grupo de jogadores no mundo do jogo para destruí-lo (ou serem destruídos por ele) à vontade.

Seguindo os três pilares do sandbox – escolhas, contexto e consequências [2] – a campanha cresce através da interação. Quanto mais os jogadores se envolvem, mais profundidade, detalhes e conexões eles podem descobrir. Se o grupo continuar enfrentando o Jarl e a Guilda dos Assassinos, descobrirá a rede de influências deles na península. Se não interagirem com esse elemento, ele permanece em segundo plano, com detalhes vagos. A guilda ainda está lá, espreitando nas sombras, mas não precisamos saber sobre a misteriosa senhora que a lidera, nem onde e como operam. O Jarl é um nome que você ouve ser invocado com frequência, mas os personagens só interagirão com seus soldados e oficiais.

domingo, 15 de dezembro de 2024

Recomendação do Vídeo "Os 13 Tipos de RPGs: História e Game Design", do canal Dados Críticos

Salve!

Igor Téuri, dono do canal Dados Críticos aborda rapidamente os diversos tipos e estilos de RPG, tratando brevemente da história do hobby. Vídeozinho de 20min, vale a pena.

Recomendo!

https://www.youtube.com/watch?v=jlXRIVj9ZFU

C é para Escolhas ("Choices"), Contexto e Consequência {III}

(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em junho de 2011)

"Cada ato, cada pensamento, cada palavra, carrega o peso das Consequências... A inexorabilidade das Consequências..."

Este é o terceiro (e último) post do blog que analisa especificamente a interação entre escolhas, contexto e consequências. Como discutido anteriormente, uma escolha é uma decisão, e o contexto é a informação que orienta essa escolha. Há um terceiro elemento importante, as consequências, que merece uma postagem própria, pois a ideia de consequência mudou mais significativamente nos jogos de RPG. Na verdade, eu diria que, ao mitigar as consequências, os jogos de RPG também limitaram as escolhas e o significado do contexto.

Mais sobre isso abaixo.

Novamente, Caro Leitor, vou dispensar os "na minha humilde opinião" e "na minha experiência", e assumir que você é inteligente o suficiente para entender que estou falando das minhas próprias opiniões e experiências.

Consequência é o que acontece como resultado de uma escolha. Por exemplo, se Frodo e companhia permanecem na estrada, podem ser alcançados por um Cavaleiro Negro, mas se cortarem caminho pela Floresta Cerrada, podem se perder ou enfrentar algo pior. Destruir uma obra de arte valiosa por ela ter natureza necromântica significa que você não terá o ouro que poderia obter vendendo-a. Não encontrar o tesouro significa que você não o terá. Dar a Pedra Arken de Thrain para Bard significa que Thorin ficará furioso com você. Saltar na lava significa morte, e perder em um combate intenso provavelmente significa o mesmo.

sábado, 14 de dezembro de 2024

C é para Escolhas ("Choices"), Contexto e Consequência {II}

(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em junho de 2011)

"Tomadas de decisão informadas exigem um contexto claro para que as consequências não sejam grandes surpresas inesperadas totalmente fora de controle..."

“A paralisia de decisão” ocorre em um jogo de RPG quando um jogador (ou grupo de jogadores) simplesmente não consegue decidir o que fazer. O personagem pode ter muitas opções disponíveis, mas o jogador parece incapaz de tornar qualquer uma delas significativa dentro do contexto do jogo. O problema quase sempre está enraizado no contexto ou nas consequências.

Se o problema estiver no contexto, há duas possibilidades. A primeira é que o(s) jogador(es) envolvido(s) não tenha(m) contexto suficiente para fazer uma escolha significativa. A segunda é que o(s) jogador(es) tenha(m) contexto, mas não haja uma vantagem clara em nenhuma das escolhas possíveis.

Ambos os problemas podem ser resolvidos fornecendo ao(s) jogador(es) informações adicionais. No entanto, também queremos que nossos jogadores tomem suas próprias decisões, então precisamos ter cuidado para não adicionar informações de forma a influenciar suas escolhas. Usurpar as escolhas dos jogadores – ou, pior ainda, fazer com que eles passem a depender de você para dizer quais escolhas devem fazer – é uma das piores coisas que um Mestre de Jogo (MJ) pode fazer.

Então, como o MJ pode criar contexto adicional sem usurpar as escolhas dos jogadores?

C é para Escolhas ("Choices"), Contexto e Consequência {I}

(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em maio de 2011)

"Para fazermos Escolhas significativas precisamos estar cientes dos elementos do Contexto, com a certeza de que as Consequências advirão..."

Se me pedissem para dar um conselho a um novo Mestre de Jogo (MJ) – ou mesmo a um veterano que queira melhorar seu jogo – eu falaria sobre a interação entre escolhas, contexto e consequências. Na minha experiência, qualquer pessoa que compreenda essa interação será pelo menos um MJ adequado... E alguém que não a compreenda, por melhores que sejam suas outras qualidades, nunca será realmente satisfatório.

De agora em diante, vou dispensar os "Na minha humilde opinião (IMHO)" e "Na minha experiência (IME)" e assumir que você, Caro Leitor, é inteligente o suficiente para saber que estou falando das minhas próprias opiniões e experiências. E, se eu estiver errado nessa suposição, sinta-se à vontade para comentar e me corrigir!

No nível mais básico, uma escolha é uma decisão. Seguimos o caminho ou nos embrenhamos na floresta? Exploramos o pântano em busca das ruínas do Castelo Fantasmagórico de Zondo? Qual passagem tomamos na encruzilhada? Devemos negociar com esses goblins? Confiamos neles? Fugimos do olho gasoso flutuante que dispara raios mortais... Ou o enfrentamos?

sábado, 7 de dezembro de 2024

Dicas e Ardis para Design de Masmorras {THL3}

(Tradução, com permissão do autor, do texto presente no suplemento para a primeira edição de AD&D, The Heroic Legendarium [1], publicado por Trent Smith em 2021. Agradecemos imensamente a gentil cortesia do autor)
"Barrowmaze Volume I..."
Por um lado, criar uma aventura em masmorra é uma das tarefas mais simples para um Mestre de Jogo (MJ). Basta desenhar um mapa de salas conectadas por corredores, lançar dados para determinar seus conteúdos (monstro, tesouro, ardil/armadilha, nada), incluir pelo menos uma escada que leve para um andar inferior e repetir o processo para os níveis subsequentes. Esse nível de design requer esforço e tempo mínimos (e com tabelas de mapas aleatórios ou seções genéricas, pode até ser feito sem nenhuma preparação prévia, enquanto o jogo está sendo jogado) e pode gerar sessões divertidas com uma sensação semelhante a um jogo de tabuleiro. Esse tipo de jogo foi o coração do sistema original publicado em 1974 e era suficientemente envolvente para inspirar inúmeros jogos de mesa e de computador. No entanto, esse modelo é limitado, e após algumas sessões, o entusiasmo inicial pode diminuir. Se o jogo não oferecer algo além disso, os jogadores provavelmente ficarão entediados — especialmente porque, atualmente, existem muitos jogos eletrônicos que oferecem experiências comparáveis, com gráficos de alta qualidade e sem a necessidade de coordenação com outros jogadores.

Embora seja possível abandonar o ambiente de masmorra e buscar profundidade e variedade por meio de outros tipos de aventuras (como aventuras ao ar livre ou em cidades, focadas em negociação ou resolução de mistérios em vez de exploração e busca por tesouros), fazer isso ocasionalmente é recomendável para manter a campanha dinâmica, interessante e os jogadores engajados. Ainda assim, há maneiras de aprimorar o ambiente clássico de masmorra para que continue interessante, recompensador e viável, mesmo para jogadores que exigem mais lógica e coerência no mundo do jogo e não se satisfazem com algo puramente aleatório e arbitrário. Embora o processo central de criação de uma masmorra permaneça essencialmente o mesmo — desenhar um mapa com salas conectadas por corredores e meios de subir e descer níveis diferentes, e então preencher essas salas com uma combinação de monstros, tesouros, ardis e armadilhas — a diferença está na quantidade de planejamento e lógica aplicada a cada etapa desse processo, em vez de depender predominantemente do acaso.

Estabelecendo o Conceito: Para começar, antes de mapear sua masmorra, considere tanto sua escala e tamanho pretendidos quanto seu histórico, origem e lugar dentro do mundo do jogo. A tradição mais antiga do jogo é um labirinto vasto e multi-nível com uma dúzia ou mais de camadas, a chamada masmorra "central" ou "mega", teoricamente grande o suficiente para que um grupo de personagens passe toda sua carreira explorando-a sem fazer mais nada. Essa abordagem, negligenciada por muitas décadas, tem visto um renascimento nos últimos anos. Fazer esse tipo de masmorra de forma eficaz (de modo que os jogadores não fiquem entediados e decidam fazer outra coisa) exige muito trabalho e considerações diferentes em relação ao outro tipo principal de masmorra, que é algo de menor escala, com apenas algumas salas até, talvez, três ou quatro níveis e 100 ou mais salas, as chamadas masmorras de "covil" ou "modulares" (porque quase todos os módulos de aventura publicados nos anos 70 e início dos 80 detalhavam masmorras desse tamanho).
 

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Convite para Mesas: Sistema OSRIC+AD&D1e, Campanhas Longas

Salve!

Temos vagas para mesas, sistema OSRIC+AD&D1e. Qualquer pessoa (incluindo iniciante) que tiver vontade de aprender e experimentar é bem-vinda em qualquer mesa, o requisito é calma e paciência para APRENDER (além de computador para rodar o Foundry + Discord). As mesas possuem todos os elementos do jogo oldschool (campanhas longas e abertas, sandbox, XP por GOLD, alta letalidade, exploração, sobrevivência, aventuresco, hexcrawl, dungeoncrawl, gestão de recursos, etc) sempre dentro do espírito de aprendizado e desenvolvimento. As premissas básicas das mesas, apesar das diferenças de mundos e contextos, são de pessoas que exercem a profissão de aventureiros e exploradores num "mundo típico de D&D", que são atraídas para as regiões em jogo (portanto, normalmente são forasteiros que desconhecem as regiões) por promessas de Ouro & Glória através de empreendimentos expedicionários em áreas ermas, desconhecidas e perigosas, permeadas pelo fantástico em maior ou menor grau, desenvolvendo assim algum tipo de relação com o mundo de maneira que a cadeira de escolhas e consequências siga ininterruptamente, se desdobrando numa série eventos (incluindo aumento de conhecimento e impactos sobre o mundo de jogo), porém, normalmente as coisas se desenrolam no médio e longo prazos, sendo recomendado à pessoa recém-chegada que jogue ao menos três sessões para tirar alguma conclusão em relação à permanência ou não na mesa.
 
Apesar das campanhas serem longas e talvez já possuírem algum conteúdo jogado, a maioria está em fase inicial, ou seja: por mais jogo que já tenha se passado, há muito mais jogo pela frente, envolvendo conteúdo desconhecido.
 
As datas e horários (e por alto, a temática) das mesas são:
  • Teças-feiras quinzenais, de 20h às 0h: The Forbidden Caverns of Archaia (exploração num grande cânion vulcânico, localizado dentro de um deserto calcinado e desconhecido, inserido numa região mais ampla, também desconhecida).
  • Quartas-feiras quinzenais, de 20h às 0h: The Isle of Dread (exploração numa ilha tropical enorme e desconhecida, perigosa, antiga, e distante de tudo e todos).
  • Quintas-feiras semanais, de 20h às 0h: Gods of The Forbbiden North (exploração num continente ártico desconhecido e gigantesco, antigo e cheio de mistérios).
  • Sábados à noite, sem periodicidade fixa, jogos esporádicos, ocorrem de acordo com a possibilidade do grupo: Highfell, The Drifting Dungeon (exploração numa ilha flutuante misteriosa e repleta de ruínas, florestas e colinas, que se movimenta pelos ares sobre um grande deserto de sal localizado dentro numa região mais ampla, desconhecida).
  • Domingos quinzenais, de 20h às 0h: Dwarrowdeep (exploração num reino anão arruinado, ao estilo Moria, construído no interior de um grande complexo montanhoso, localizado numa região mais ampla, desconhecida).

Qualquer dúvida, estou à disposição: é só enviar um e-mail para astarothino@gmail.com, ou deixar um comentário, ou entrar no servidor abaixo, ou me contatar no discord via @gabnerseverus. Você também pode pesquisar sobre esses módulos em busca de algumas informações sobre eles (cuidado com spoilers, rs!), incluindo o chat gpt.