(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em junho de 2025)
Mais uma vez Maliszewski comenta sobre sua predileção pela Campanha Longa num jogo de RPG, metaforizando com a imagem do turista vs. o morador local, sem criar antagonismo pela preferência em levar uma vida de turista... "De vez em quando é bom ser turista"... |
E, no entanto...
Nos últimos anos, passei a apreciar os prazeres distintos dos jogos de convenção: aquelas sessões de quatro horas com um grupo de desconhecidos que começam e terminam em uma única tarde ou noite. Me diverti bastante na Gamehole Con do ano passado e saí de várias sessões me sentindo energizado e inspirado. Essa é parte da razão pela qual estou ansioso para me inscrever em mais este ano. No papel, os jogos de convenção são o oposto do que normalmente procuro em um RPG. Eles são autossuficientes, focados e impermanentes. Quando a sessão termina, terminou. Então por que eles não me deixam com a mesma sensação de vazio que uma campanha caseira de curta duração costuma deixar?
Embora eu não esteja imune à hipocrisia, acho que tenho uma boa noção do porquê de gostar mais dos jogos de convenção do que imaginava.
Jogar em uma convenção é, para mim, uma forma de turismo. Eu apareço, conheço novas pessoas e exploro uma pequena fatia de um jogo ou cenário com o qual talvez eu nem esteja familiarizado. É um instantâneo. Não há ilusão de permanência, nem aquele sentimento persistente de “o que poderia ter sido”. Os personagens podem ser memoráveis e a partida divertida, mas todos entendem desde o início que aquilo é um compromisso com tempo contado. É uma visita, não uma mudança.
Uma campanha caseira com amigos, por outro lado, é mais como escolher um lugar para viver. Há um compromisso implícito. Estamos investindo em algo feito para durar. Esse compromisso compartilhado muda tudo. Quando jogo com amigos, geralmente não quero que o jogo tenha data para terminar. Quero espaço para construir, para me perder, para voltar a locais familiares, para interagir com NPCs recorrentes, para observar a lenta acumulação de detalhes e consequências. Um one-shot nesse contexto parece uma casa sem fundação – talvez mobiliada para uma festa, mas não construída para se viver nela.
Há também uma diferença de ambição. Um jogo de convenção raramente tenta ser mais do que é. Ele conhece seus limites e, quando bem conduzido, entrega algo satisfatório dentro deles. Uma one-shot em casa, por outro lado, frequentemente aspira a ser uma mini campanha ou a semente de algo maior, mas sem o tempo necessário para crescer em nenhuma das direções. O resultado é, com frequência, uma sensação de potencial desperdiçado. O jogo termina justamente quando as coisas estavam começando a ficar interessantes. Vivi isso recentemente em uma partida de Dragonbane que um dos meus jogadores de Dolmenwood mestrou para nós. Foi divertido, mas também um pouco frustrante: um vislumbre de algo promissor que terminou cedo demais.
Nada disso pretende ser uma crítica ao jogo de RPG em formato curto. Muitas pessoas adoram one-shots e mini campanhas, e provavelmente com razão. Para mim, porém, o prazer do RPG vem de outro lugar. Quero ficar, não apenas passar. Quero conhecer os moradores locais, não apenas ver os pontos turísticos.
Mas, de vez em quando, é bom ser turista.
∞ James Maliszewski ∞
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1. https://grognardia.blogspot.com/2025/06/tourists-and-locals.html
2. https://dustdigger.blogspot.com/2025/07/precisamos-de-campanhas-longas_22.html
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