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| Will Mistretta comenta um pouco sobre alguns aspectos do vindouro OSRIC 3.0... |
A tão esperada terceira versão do OSRIC, o principal jogo retroclone do Advanced Dungeons & Dragons [1e], está atualmente sendo financiada coletivamente [a campanha já foi encerrada, com grande sucesso, diga-se de passagem, porém, há um late pledge (2)] pelo pessoal da Mythmere Games. As cópias físicas da nova versão devem ser enviadas no início de 2026, bem a tempo do vigésimo aniversário do OSRIC. Espera aí, vinte anos? Sério? Eu jurava que foi ontem...
Já escrevi antes [3] sobre o lugar sagrado que o AD&D original ocupa no meu coração, e acredito genuinamente que essa nova “versão para ensino” do jogo é vital para promovê-lo às gerações mais jovens de jogadores, que não têm o apego sentimental de décadas que eu tenho com os antigos tomos. Nunca fui da opinião de que o design de RPG seja um processo de melhoria linear estrita ao longo do tempo. Em vez disso, regras de jogo diferentes produzem resultados e experiências diferentes, para os quais somos atraídos (ou repelidos) de acordo com nossas afinidades e preconceitos pessoais. O que de fato avançou de forma mais objetiva foi a maneira como as regras de RPG são apresentadas aos usuários. Estou falando de layouts mais rápidos de consultar, linguagem inequívoca e organização sensata do material — todas áreas nas quais os amados originais do final dos anos 70 deixavam muito a desejar, devido à inexperiência dos editores e à natureza inovadora de uma forma de jogo então inédita. Revisões anteriores do OSRIC (a mais recente foi lá em 2013) corrigiram isso em parte, mas ainda havia bastante espaço para melhorias. Tudo o que vi da apresentação da nova versão 3.0 me convenceu de que estamos prestes a ver a Mythmere fazer pelo AD&D o que o criador do querido Old School Essentials fez pelas regras do D&D de 1981. Isso não é pouca coisa, considerando o quanto o AD&D é mais profundo como conjunto de regras, incorporando mais opções de criação de personagens, magias, monstros, itens mágicos, mecânicas de combate e material de apoio para campanhas longas e de nível alto. Tudo isso tem o potencial de tornar qualquer jogo de D&D melhor, e tê-lo em uma forma fácil de aprender e rápida de consultar é absolutamente necessário se o interesse pelo AD&D tiver alguma esperança de persistir após minha geração partir.
Essa é a grande razão pela qual o OSRIC 3.0 merece seu apoio moral e financeiro: para que o AD&D da 1ª Edição possa sobreviver. Além disso, porém, há a questão do que o OSRIC representa. Ele é uma representação fiel do principal RPG de fantasia da década de 1980, totalmente independente da Wizards of the Coast, Hasbro ou qualquer outro influenciador corporativo. É gratuito (pelo menos em formato PDF) e qualquer um pode publicar aventuras e suplementos para ele sem pagar um centavo por isso. Quando a WotC assumiu a marca de uma TSR falida e lançou sua primeira versão do D&D (terceira edição), por volta de 2000, aquele jogo simplesmente nunca funcionou para alguns de nós. Não foi preciso muita exposição à abundância de perícias, talentos e classes de prestígio do 3E para que eu jogasse as mãos para o alto e concluísse que aquilo simplesmente não era mais reconhecível como o D&D que eu amava. O que quer que fosse, claro, certamente atraiu sua cota de fãs devotos. Mas não era para mim, e só serviu para me empurrar de volta aos meus antigos livros do AD&D com uma paixão renovada. Na mesma época, o sucesso de experiências propositalmente “old school”, como HackMaster e Castles & Crusades, provava que eu não estava sozinho. O amor pelos jogos no estilo AD&D era amplo, embora pouco atendido. O que esses jogos não tinham a seu favor era uma verdadeira natureza de base e de código aberto. Ao lançar o OSRIC, o editor-chefe Stuart Marshall, o autor principal Matt Finch e seu grupo de colaboradores mudaram isso para sempre. O AD&D agora pertencia à comunidade inteira, com exceção do nome, e esforços retroclone subsequentes como Labyrinth Lord, Basic Fantasy RPG e Swords & Wizardry prontamente empunharam a bandeira desse recém-formado Renascimento/Revival Old School [4]. Por abrir esse caminho em uma época em que os riscos legais potenciais eram em grande parte especulativos, sempre apoiarei o OSRIC. Esta nova versão leva esse espírito independente ainda mais adiante, rompendo formalmente com a licença OGL (em risco) da WotC em favor de material-fonte extraído do Creative Commons.
Seria negligente se eu não acrescentasse que o Verdadeiro Grognard [5] dentro de mim aprecia como o OSRIC 3.0 estará mais próximo do AD&D original do que nunca. A avaliação nebulosa de riscos legais feita em 2006 levou a algumas alterações muito pequenas nas regras do AD&D no OSRIC (como ajustes sutis em tabelas de experiência) e a algumas omissões não tão pequenas (como toda a classe de personagem monge). O máximo possível dessas alterações será desfeito na nova versão. Há também várias erratas no texto legado do OSRIC que membros da comunidade apontaram ao longo dos anos. Elas não serão ignoradas na versão 3.0.
Por fim, o OSRIC 3.0 importa e merece apoio porque é feito pela Mythmere Games — e eles são gente boa que faz coisa boa. Se você conhece o excelente jogo Swords & Wizardry, o lendário suplemento Tome of Adventure Design ou grandes aventuras como Pod Caverns of the Sinister Shroom, você sabe do que estou falando. O novo OSRIC terá o mesmo nível de qualidade e atenção aos detalhes, juntamente com ótimas ilustrações novas de Del Teigeler e de vários outros talentosos ilustradores da OSR. A Mythmere é uma referência tão confiável para mim que não hesito nem por um instante em recomendar qualquer coisa que eles publiquem.
Ah, mas já falei demais. Ainda faltam treze dias, até a data desta escrita, para apoiar o OSRIC 3.0 no BackerKit e garantir sua cópia física das regras em diversos formatos de impressão [N.T.; repetimos que a campanha já foi encerrada], de acordo com sua preferência, além do que parecem ser aventuras novas realmente excelentes. Faça isso pelo Grande Velho Jogo. Faça isso pela OSR. Faça isso porque vai ser simplesmente incrível.
∞ Will Mistretta ∞
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