(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em maio de 2025)
Maliszewski pensando alto sobre "vestir o hobby"... |
Leitores regulares deste blog saberão que eu já comentei várias vezes sobre o quanto os produtos relacionados a RPG proliferaram nas décadas desde a minha juventude. Entre em qualquer convenção, visite praticamente qualquer loja local de jogos ou navegue por qualquer loja online, e você certamente encontrará uma variedade impressionante de camisetas, moletons, broches, canecas e outros objetos decorados com dragões, dados poliédricos ou slogans engraçados sobre pontos de vida e jogadas de proteção. Há broches de esmalte em forma de D20, dados de pedras preciosas feitos de gemas reais e até roupas de bebê. Para muitos jogadores, isso é simplesmente uma extensão natural de sua paixão, uma maneira de levar um pedacinho do hobby com eles onde quer que vão.
Para mim, um verdadeiro “careta” assumido, é algo com o qual eu nunca realmente me conectei. Na verdade, me causa uma certa vergonha alheia [cringe].
Isso provavelmente soa estranho vindo de alguém que escreve um blog dedicado a jogos de RPG. Provavelmente já passei mais tempo pensando e escrevendo sobre esses jogos do que muitos dos meus colegas jogadores — se isso é bom ou ruim ainda está para ser visto — e nunca hesitei em falar sobre meu hobby com outras pessoas. Na verdade, geralmente descobri que, quando explico meu interesse por RPGs a não jogadores, a maioria deles fica curiosa, até entusiasmada. Jogar RPG é, sem dúvida, um hobby incomum, mas graças a décadas de jogos de computador e videogames, romances de fantasia e programas populares de streaming, acho que hoje em dia a maioria das pessoas tem alguma noção do que estou falando, mesmo que nunca tenham rolado um dado em um momento de tensão.
Apesar disso, raramente uso camisetas ou qualquer outro tipo de roupa que anuncie meu envolvimento com o hobby — pelo menos não em público. Eu até possuo algumas dessas peças, claro, mas geralmente as uso como roupas de dormir. Isso não é por vergonha. Se eu tivesse vergonha, provavelmente não teria passado tantos anos documentando publicamente meus pensamentos sobre RPGs obscuros, antigos módulos de AD&D ou os detalhes de Tékumel. Na minha idade, estou bastante confortável com quem sou e com a forma como gosto de passar meu tempo livre. Ainda assim, não me defino pelos meus hobbies, muito menos sinto necessidade de divulgar meus interesses por meio de tecidos.
Talvez seja algo geracional, ou talvez resultado de ter crescido em uma época em que os fandoms não eram tão performáticos ou comercializados quanto parecem ser hoje. Na minha juventude, ser um jogador de RPG era algo que você fazia, não algo que você era, muito menos algo que você vestia. O amor pelo jogo se expressava ao desenhar cuidadosamente um mapa de masmorra, criar um personagem memorável ou debater interpretações de regras por horas com os amigos. A ideia de que fosse necessário demonstrar o investimento de alguém por meio de mercadorias teria nos parecido tanto estranha quanto um pouco suspeita, como alguém que se diz cinéfilo só porque tem uma lancheira de Star Wars.
Dito isso, entendo que os tempos mudam. O hobby cresceu imensamente e, com esse crescimento, veio uma pegada cultural mais ampla. O que era algo de nicho na minha juventude hoje é mais mainstream, ou pelo menos adjacente a isso. E com o sucesso popular vêm as oportunidades de marketing. Essa é a natureza dos fandoms modernos: eles não dizem respeito apenas a interesses compartilhados, mas também a “estilos de vida” e, inevitavelmente, ao comércio. Uma camiseta não é apenas uma camiseta; é um sinal, uma declaração, um cartão de membro.
Mais uma vez, não estou criticando quem gosta desse tipo de coisa. De certa forma, é uma outra forma de expressão, e uma que claramente ressoa com muitas pessoas. Acho que sempre preferi que meus interesses surgissem por meio de conversas, em vez de sinais externos como roupas. Se alguém me perguntar do que eu gosto, terei prazer em falar sobre meus hobbies (dos quais o RPG é apenas um). o quanto ele me permitir Até lá, fico satisfeito em deixar meus entusiasmos borbulharem silenciosamente sob a superfície, onde podem surpreender e encantar, em vez de gritar por atenção.
Acho que essa é a essência da questão. Algumas pessoas vestem seus fandoms nas mangas — literalmente — e outras os guardam em cadernos, memórias e prateleiras de jogos. Ambas as formas são válidas. Quanto a mim, fico com minhas camisetas lisas e conversas tranquilas. Afinal, um pouco de mistério nunca fez mal a ninguém.
∞ James Maliszewski ∞
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1. https://grognardia.blogspot.com/2025/05/a-hobby-not-uniform.html

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