Anthony Huso comenta um pouco sobre seu retorno ao AD&D1e e abandono dos jogos de RPG modernos... |
Muitas campanhas de AD&D certamente foram conduzidas sem dar atenção às regras mais importantes que Gygax estabeleceu nos livros originais. Muitos jogadores devem ter se desiludido com experiências conduzidas por MJs imaturos, ineptos, covardes ou simplesmente egocêntricos. Ao colocar tanto poder nas mãos dos jogadores e expor tantas formas de manipular uma cena, os autores dos sistemas mais recentes mitigaram a capacidade do MJ de causar dano.
É difícil afirmar que um jogador com +12 em sua rolagem de Diplomacia (algo facilmente alcançável antes do nível 10) possa falhar em um teste “difícil” com CD 20, a menos que tenha uma sorte verdadeiramente horrível. Portanto, a capacidade do jogador de contestar e reagir com incredulidade aumenta, e o senso de desconhecido, o receio de desastres iminentes, é reduzido.
Para ser honesto, tive dúvidas se todo o meu apreço pela 1ª edição não seria apenas uma nostalgia infundada de um homem de meia-idade ansiando pelas brumas de sua juventude. Mas, não havia jogadores na casa dos 40 nos anos 80? Eles não tinham, então, a mesma idade que tenho agora? Certamente eram tão cínicos, céticos e inteligentes quanto eu. Sem dúvida eram capazes de discernir valor e diversão.
Portanto, não.
Não vou ceder nesse ponto.
Anseio por aquelas antigas horas de aventuras tensas e pela rapidez com que os combates eram resolvidos. É meu fardo provar aos meus jogadores que AD&D não foi uma tentativa imatura, nem uma jornada ingênua nas águas do RPG de mesa, mas o produto de muita discussão, muito jogo e muito pensamento. Espero ter sucesso nessa empreitada pois, se fracassar, significará com certeza o fim da nossa noite de jogo, já que não posso justificar o trabalho de arbitrar um sistema que me proporciona tão pouca satisfação. Tampouco quero investir mais dinheiro na interminável ganância das empresas que alegam ter melhorado, reequilibrado ou redescoberto as raízes de seja lá qual for o ideal mais vendável do momento.
Reconheço, sim, uma certa dose de ingenuidade na minha abordagem. Vivemos hoje em um mundo onde a autopromoção é vendida em cada esquina; onde somos ensinados a não pedir ajuda nem admitir que precisamos dela, e onde qualquer coisa que não entregue gratificação instantânea e afagos no ego é vista, na melhor das hipóteses, com desconfiança. Isso talvez torne o ritmo cooperativo e tenso do AD&D menos atraente para os jogadores de hoje.
O tempo dirá.
Planejo apresentar ao meu grupo uma dose da 1ª edição no dia 18 de maio, então... minha coragem será certamente testada. Se eu falhar em empolgá-los, me pergunto se será culpa minha ou simplesmente culpa da mudança inevitável.
Desejem-me sorte.
Como o cético que citei anteriormente presumiu, talvez eu realmente precise.
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Hoje é 15 de maio de 2018.
27 de julho de 2018 marcará o 4º aniversário do meu grupo de RPG. Sim, voltei a jogar nesse dia de propósito, pois coincidiu, serendipicamente, com meu impulso de voltar a rolar dados. Com exceção dos primeiros 8 meses, toda a nossa campanha aconteceu usando as regras de AD&D. O cético do grupo foi embora e foi substituído não por um, mas por dois novos jogadores.
Estamos nos divertindo muito.
O que meus jogadores disseram?
"O elemento letal é muito recompensador. Você realmente sente o drama."
"Não consigo lembrar de todos os personagens que perdi nos últimos 4 anos... parei de contar."
"Ver as rolagens abertas dos dados realmente aumenta a tensão e o drama."
"Um combate como o que acabamos de ter (em AD&D) levaria um mês inteiro de sessões na 4ª Edição. AD&D avança muito mais rápido e dá a sensação de que você está conquistando algo."
Vou declarar vitória nisso. Vou fincar uma bandeira no topo da colina. O OSR é fundamentalmente diferente dos jogos modernos de maneiras muito úteis e significativas. Estou muito feliz (e grato) por meu grupo ter topado experimentar. Não teria graça sem eles!
∞ Anthony Huso ∞
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1. https://www.thebluebard.com/blog/teaching-old-dogs-old-tricks
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