(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em novembro de 2009)
*Este é o início de uma reflexão sobre o tema, que desagua em outro texto (que será postado em breve). É importante notar que o autor superou sua questão e já desenvolveu suas ideias para além dos dois textos, culminando na abolição do conceito em suas mesas, entendido como ele apresenta nestes textos, ou seja, relacionado à cosmologia.
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| "O Leal, o Caótico e o Neutro..." |
Antes de começar, esteja ciente de que tudo isso se aplica ao D&D B/X, e talvez ao OD&D pré-Suplemento (no qual o B/X é fortemente baseado).
Já escrevi antes [2] que acredito que a forma “conflito cósmico” de alinhamento é a melhor maneira de representar o alinhamento em D&D… Ou seja, você defende a civilização ou os deuses antigos, malignos, desconhecidos e indescritíveis como Cthulhu e sua turma. Após mais reflexão, especialmente em relação ao lugar da religião em uma campanha de D&D, estou começando a repensar isso.
As ideias tradicionais de “Bem-Mal” prevalentes na maioria dos mundos de jogo de D&D são… Bem, simplistas e “caricaturais” demais (por falta de uma articulação melhor). Quero dizer, VOCÊ PODE jogar dessa maneira (e pode jogar Pathfinder ou 4E também… O que quer que te agrade), mas não sei se isso é tão prático ou consistente (com relação às regras/configuração do jogo) quanto poderia ser.
Acabei agindo heroicamente e fui morto.
Como diabos isso aconteceu? Bem, estou começando a pensar que a classe de clérigo, devido ao seu design, parece propensa a assumir um papel de liderança e, geralmente, de "protagonista". Seja abrindo caminho entre mortos-vivos, lançando [o feitiço] Luz, lutando corpo a corpo (eles não são do tipo que "fica para trás e atira"), o clérigo acaba sendo colocado em uma posição de comando... E foi isso que aconteceu com meu personagem.
Ao observar meus sobrinhos jogarem D&D, cada um teve a oportunidade de jogar como clérigo, e eles também acabaram tratando-os como paladinos. Meu amigo Matt muitas vezes jogava como clérigo e, quando o fazia, era frequentemente proativo, NÃO agindo como um “personagem de suporte”, mas liderando suas próprias tropas (fanáticas).
Devo notar que esses jogadores de quem falo sempre jogavam com personagens Leal. Meu clérigo deveria ser Neutro, mas acabou agindo como Leal no final (para seu detrimento).
Enfim, falar sobre clérigos não é o objetivo desta postagem. Estou escrevendo sobre alinhamento. Considere esta ideia:
Que tal desvincular o alinhamento de deuses, divindades e clérigos por completo?
E se o alinhamento simplesmente descrevesse a personalidade de um personagem/NPC/monstro ("os jogadores podem escolher os alinhamentos que acharem que melhor se adéquam aos seus personagens") em vez de ser uma doutrina estrita a ser seguida ("os alinhamentos fornecem diretrizes para os personagens viverem. Os personagens tentarão seguir essas diretrizes...")?
E se os clérigos obtivessem suas habilidades (feitiços, expulsão de mortos-vivos) por seguir os ditames de sua religião, não os ditames de seu alinhamento? Além de tornar a classe mais interessante do ponto de vista da interpretação (você cumpriu os mandamentos? Fez os sacrifícios apropriados?), isso permitiria que o alinhamento fosse usado simplesmente como expressões da natureza humana (ou élfica, anã, ou o que for). Aqui está o que eu estava pensando:
Leal= “Heróico”
Neutro = “Egoísta”
Caótico = “Psicótico”
Por que chamar um personagem Leal, de Heroico? Porquê, por definição, é isso que um seguidor da Lei é: alguém disposto a colocar o bem do grupo acima do bem individual. Pela definição de Leal no conjunto básico (que não vou me dar ao trabalho de citar aqui), até mesmo aqueles tipos “lobo solitário” de personagens de quadrinhos (Batman, Wolverine) seriam considerados Leal. Respeito pela vida? Confere. Cumpre a palavra? Confere. Autossacrifício quando necessário? Confere. O personagem Leal é Heroico.
Por que chamar um personagem Neutro de Egoísta? Porquê a descrição do personagem Neutro é um retrato do interesse próprio. Alguém "mais interessado na sobrevivência pessoal" não é alguém que coloca o bem do grupo acima de si mesmo, por definição. Alguém que só se junta ao grupo porque é do seu interesse? Egoísta. Alguém que não é "prestativo, a menos que haja algum tipo de lucro nisso"? Egoísta.
Mas não necessariamente mal, em si. A maioria dos indivíduos civilizados (humanos, anões, elfos, halflings) vai se encaixar em um desses dois alinhamentos. Apenas os verdadeiramente aberrantes são Caóticos.
Por que chamar um personagem Caótico de Psicótico? Aqui vou citar um pouco. "[…] O grupo não é importante. Caóticos frequentemente agem com base em desejos e caprichos repentinos. Eles não são confiáveis e seus comportamentos são difíceis de prever."
Algum fã de Firefly se lembra dos Reavers [3]? Esse é o indivíduo Caótico (e um bom modelo para humanoides Caóticos como goblins e orcs). Assassinos em série; indivíduos que não têm interesse nas leis dos homens ou de Deus, apenas em sua própria gratificação e depravação. Alguns podem dizer que um seguidor do Caos se preocupa com a “liberdade pessoal”; mas liberdade para fazer o que você quer à custa dos outros é MAL. E está desconectada da realidade (como parte de uma sociedade, cultura ou mundo, você é uma engrenagem nesse grupo, e pensar que suas ações estão de alguma forma acima da lei ou que você não enfrentará consequências por agir contra as normas do grupo, geralmente levará à sua queda).
Talvez mais sobre isso depois [4]…
∞ BlackRazor ∞
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1. https://bxblackrazor.blogspot.com/2009/11/shades-of-grey-redefining-alignment.html
2. http://bxblackrazor.blogspot.com/2009/07/gaah-evil.html
3. https://en.wikipedia.org/wiki/Reaver_(Firefly)
4. https://dustdigger.blogspot.com/2024/09/alinhamento-nao-mais-trazendo-de-volta.html
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