(Tradução, com permissão do autor, do texto presente em [1], publicado em junho de 2010)
Maliszewski comenta mais uma vez sobre seu interesse por campanhas longas e jogos longos, e como esse estilo está atrelado às raízes do hobby... |
Embora seja possível jogar uma partida única, sem relação com outros eventos de jogo passados ou futuros, são para as campanhas que estas regras foram projetadas.
— E. Gary Gygax,
Prefácio do Volume 1 de OD&D,
1º de novembro de 1973
Pensei nessa citação recentemente ao refletir sobre minhas ideias de jogos nos últimos meses. Como você provavelmente percebeu, minha mente andou pulando entre vários jogos diferentes, especialmente aqueles produzidos pela Chaosium e pela FGU, e comecei a considerar a possibilidade de colocar Dwimmermount em hiato por um tempo para tentar algo diferente. A maioria dos jogadores está familiarizada com esse comportamento; na internet, é frequentemente chamado de “transtorno de déficit de atenção do jogador” [gamer attention deficit disorder] e reflete a tendência de muitos jogadores de pular de um jogo para outro com total descuido, sem se fixar em um único por muito tempo.
Esse era um comportamento ao qual eu era particularmente propenso durante os anos 1990, o que, não por coincidência, também corresponde ao período em que eu estava mais desiludido com o hobby. Naquela época, eu me interessava por um jogo novo a cada poucas semanas ou meses. Não surpreendentemente, eu raramente jogava algo por muito tempo — isso quando chegava a jogar de fato. Mestrava várias aventuras one-shots e algumas tentativas breves de campanhas, mas nenhuma delas durava. Agora, eu não era único nesse comportamento. Na verdade, naquela época parecia ser a norma, pelo menos entre os jogadores com quem eu tinha contato regular. E às vezes tenho a impressão de que esse comportamento se tornou tão disseminado que agora é tratado como normal. Ou seja, a maioria dos jogadores espera jogar um jogo diferente a cada poucos meses, e a ideia de campanhas que duram anos é vista com perplexidade ou até desprezo — mas talvez eu esteja exagerando a situação. É por isso que pensei nessa citação de Gygax. Se você ler OD&D, fica bem claro que há uma suposição de que o jogo seria usado principalmente para campanhas, e não para one-shots ou uma série de aventuras desconexas aqui e ali. Acho que muitas das supostas “deficiências” do OD&D fazem muito mais sentido quando vistas por essa perspectiva — mas isso é assunto para outro dia.
Dwimmermount começou como um experimento, uma tentativa de recomeçar com uma abordagem nova a um jogo antigo. Nesse processo, aprendi muitas coisas, mas a lição à qual continuo retornando é o quanto é difícil realmente entender, avaliar e apreciar os jogos old school fora do contexto de uma campanha longa. E por “longa”, não quero dizer 10 ou 12 sessões, mas muitas, muitas mais do que isso. Dwimmermount terá sua 43ª sessão amanhã, e ainda considero a campanha bastante “jovem” e não totalmente autossustentável (embora esteja chegando lá). É por isso que fico feliz por não ter cedido à tentação de interromper as sessões regulares do meu grupo para jogar outro ou outros jogos, embora o canto da sereia de RPGs como RuneQuest ou Stormbringer tenha sido forte (e ainda é, em certa medida). Pela minha experiência, muito poucas campanhas sobrevivem a hiatos e, mesmo as que sobrevivem, geralmente sofrem como resultado, com seu ímpeto original diminuído ou pelo menos desviado.
Nada disso quer dizer que planejo jogar Dwimmermount para sempre. Mais importante ainda, tenho certeza de que, por um motivo ou outro, a campanha inevitavelmente chegará ao fim, como a maioria das campanhas, mas não tenho pressa para que isso aconteça. Meus jogadores e eu estamos nos divertindo muito e estou aprendendo bastante com a experiência. Não acho que campanhas de 5 anos ou mais com o mesmo grupo de pessoas tenham sido algum dia a norma, mas costumavam ser algo de que os jogadores falavam, mesmo que apenas como um ideal. A campanha de Dwimmermount é melhor por eu tratá-la como esse ideal, posso garantir; é uma das melhores experiências de D&D que já tive. É por isso que pretendo não ceder ao TDA do jogador quando ele voltar a se manifestar — mesmo que experimentar, digamos, Hawkmoon seja uma ideia bem legal...
∞ James Maliszewski ∞
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1, https://grognardia.blogspot.com/2010/06/gamer-add-and-campaign.html
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